domingo, 23 de abril de 2017

Consciência, Alienação e Ideologia

Consciência, Alienação e Ideologia
Consciência
As possibilidades do pensar humano são gigantescas e não encontraram ainda as suas limitações em nossos conhecimentos e pesquisas. Para a sociologia, ela se inicia e acontece em uma realidade específica, que a molda e a condiciona. A consciência (o pensamento) é a maneira estrutural em que se condiciona as potencialidades do pensamento. O pensamento por sua vez está condicionado as estruturas sociais, e assim, a consciência humana é consciência social. Vejamos isso na estrutura social dos três principais sociólogos.
Para Émile Durkheim (1858-1917) a sociedade é o resultado da combinação de consciências individuais que se perfazem em uma consciência coletiva, essa consciência coletiva ou coletivizada, se torna fato social sobre os indivíduos que dela participam.
Para Karl Marx (1818-1883) a existência é social, mas é também econômica, e assim, a condição sócio econômica é determinadora da consciência, assim, a consciência se faz como consciência de classe. A consciência de um indivíduo de classe dominante (burguês) será diferente e oposta da consciência daquele que pertença a classe dominada (proletário).
Para Max Weber (1864-1920) a consciência é social e performática (formatada), se amolda as estruturas sociais vigentes, e mais influentes. E assim, temos que essa consciência possa ter uma predominância referencial (religiosa, política, econômica, esportista, acadêmica, por faixa etária), porém é também uma mistura de todas essas áreas, ela é uma consciência interligada em múltiplas áreas cognitivas. Para Weber o pensamento é a junção, a significação dessas áreas no indivíduo, se estabelecendo como formação social que será analisada por Max Weber como ação social (motivação da ação do indivíduo), que é de onde parte sua análise, estudo e entendimento da sociedade.

Alienação
Alienação é um termo derivado da palavra alienus= de fora, do outro. Alienação é uma forma de ver, pertencer, entender a realidade com a influência ou consciência do outro. É a formação em um indivíduo[DR1]  da consciência de outra pessoa ou grupo. Essa alienação é melhor compreendida em categorias.
Alienação Social=> nela o indivíduo não se reconhece como produtor e integrante das realidades e instituições sociais e políticas que participa, como por exemplo, análise política sem responsabilização, análise escolar sem auto inclusão, análise familiar sem responsabilidade, e outros.
Alienação Econômica=> a aceitação é a aceitação da condição e situação econômica como natural, normal e inevitável. Jean Jacques Rosseau dirá que o homem em lugar nenhum surgiu envolto em sociedades desiguais, se se tornou foi porque assim o fez e assim o permitiu, que não é um condicionamento natural.
Para Karl Marx a alienação acontece em etapas. 1º O trabalhador ao vender sua força de trabalho para o proprietário do capital (burguês) se torna uma mercadoria para este, mercadoria que produz mercadorias. 2º O trabalhador, enquanto classe social, não percebe que a excelência do que produz com seu trabalho não lhe está acessível, elas (mercadoria) valem muitos mais do que o salário que lhe é pago pelo trabalho, ou seja, o que ele produz vale mais do que ele como pessoa. 3º O trabalhador perde enquanto produtor controle e conhecimento sobre a sua própria produção, ficando alienado daquilo que faz, ficando alienado de si mesmo enquanto trabalhador. Já não é mais um produtor de nada em especifico
Alienação Intelectual=> resulta da crença comum de que o trabalho intelectual é mais valioso que o trabalho material. Está alienação resulta da separação entre o trabalho material e o trabalho intelectual, segregando o trabalho do primeiro do trabalho do segundo. Ignora-se que o trabalho intelectual (planejamento, orçamento, planilha, recursos humanos) é determinado pelo trabalho material, é o trabalho material quem produz o trabalho intelectual, e que o próprio processo laborioso do trabalho material está condicionado a realização de um trabalho intelectual prévio por aquele que o executa.

Ideologia
No plano social, as ideologias são concebidas como valores e ideias que legitimam e mantém o status quo. Na formação e composição social de uma dada sociedade são estabelecidas pelo convívio, a existência/convivência é a base, formas, regras e normas de se conviver que ganharão independência da convivência e que passarão a determinar a convivência sem ter a convivência como base. Está será uma convivência ideal, está será um conjunto de ideais determinadores de como conviver, que não mais depende da convivência para isso. Aqui é preciso pensar que a realidade estabelecida é defendida por alguém que se beneficie em que ela se mantenha como está, visto que se favorece com isso. Assim, criam-se instituições, organizações, sistemas educacionais e ideológicos (mídia) defensores da realidade como é para que não haja interesse em transformar a mesma.
Um fator fundamental no conceito de ideologia é o de que ela precisa ocultar o real para suplantar sobre o mesmo a si mesma (Marilena Chauí). A Ideologia obscurece a consciência daqueles que dela participam para que não percebam sua dominação, subjugação e exploração. Para desacreditar que a realidade poderia ser diferente, ou desacreditar que poderia ser melhor.
Ideologia, como o nome sugere, é o estudo das ideias que compõem uma dada realidade social/existencial, e que como toda realidade humana é composta pelo pensar humano objetivado e objetivante, ou seja, é composta por realidades e vivências humanamente estabelecidas.
No sentido mais amplo, e comumente empregado, ela significa um conjunto de ideias. No outro sentido, marxista, ideologia é alienação da consciência de uma classe por outra classe. O pensamento dos dominantes (burgueses) presente e legitimado na consciência dos dominados (proletários), que validam seu agir e existir segundo eles (burgueses).

Resumindo: a consciência é consciência social, estabelecida a partir das realidades sociais de existências e suas variantes culturais, como economia, religião, educação e outros. A alienação é a ideologia de uma estrutura de pensamento sobre outra estrutura de pensamento, ou seja, ideias que determinam o viver sem levar em conta o próprio viver daquele que assimila a ideologia (Escola pública e Enem). Por outro lado a alienação é a exclusão do ser daquilo que realiza enquanto ser, seja ela uma alienação social, profissional ou intelectual. As ciências sociais visam com essas três esferas do saber (consciência, alienação e ideologia) apresentar sociologicamente a origem do saber, sua aplicação, objetivação e destinos. Haverá quem faça dessas esferas sua base sociológica de entender o mundo e de buscar transformar o mundo. Nossa objetivação é de que fique compreensível a formação da formação da consciência social que se torna organizacional para legitimar os modelos formados a partir da convivência. 


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