terça-feira, 30 de julho de 2019

Olhando o mundo com um olhar!


Olhando o mundo com um olhar!

Hanekin chegou no planeta azul e não sabia qual o seu nome, até mesmo o azul era para ele pliks, por isso chamou a terra de planeta Pliks. Aqui, ele encontrou criaturas de fisionomia diferente da sua, eles têm só duas pernas e dois braços e não possuem o poder de se metamorfosear ou de se ocultar no espaço. E foi com esse recurso, de se ocultar, que ele decidiu usar para entender a espécie humana. Acompanhando alguns humanos gigantes ele não entendeu o porquê de alguns comportamentos tão contraproducentes que eles apresentavam. Como destruir as suas únicas fontes de ar e de água, sem as quais eles não poderiam viver. Percebeu que eles se matavam não por sobrevivência ou evolução e sim por diversão, irresponsabilidade e busca de prazer sem limites. Intrigado Hanekin quis entender se isso era natural dessa espécie ou se era algo desenvolvido entre eles no convívio social. Assim decidiu acompanhar crianças recém-nascidas em seu processo de desenvolvimento. Leia o relatório que ele fez:
A criança pliksiana nasce sem habilidade alguma, até mesmo o pensamento é mínimo. Na interação com a realidade a sua volta ela desenvolve códigos e significados. As coisas básicas como comer, se locomover e comunicar precisa ser desenvolvido e ensinado (eles não aprenderiam sozinhos!). Apesar do planeta ser pequeno é impressionante como em cada lugar dele, onde essas crianças são construídas, variam suas falas, comportamentos e hábitos. Falam diferente, eles se vestem! (impressionante como eles tem vergonha de seus corpos) diferentes uns dos outros e comem/bebem/dormem diversicadamente. Para entende-los é preciso olhar o lugar onde estão e os hábitos que seu grupo principal (família) tem, por exemplo, se são de alguma religião ou qual a posse de riqueza que eles têm. Vi que crianças pliksianas que nasceram com pouca riqueza ou de um grupo religioso específico  se comportavam como tal, quando por algum motivo adquiriam mais riquezas ou práticas religiosas diferentes mudavam também seus comportamentos. Assim concluo que essa espécie não possui identidade. Eles são seres sem autenticidade.
Como se lê para Hanekin a espécie humana é uma espécie que não nasce pronta, vai se tornando uma pessoa no decorrer de sua vida, desenvolvendo comportamentos e hábitos no decorrer de sua existência, e, tem esses comportamentos e hábitos atrelados ao lugar especifico onde os mesmos se dão.
Esse é o mote da sociologia, mostrar que o comportamento, pensamento, hábitos e preferências humanos são determinados social e culturalmente, são construções que a sociedade realiza sobre e em cada um nós. Assim, cada pessoa é livre para agir de acordo as expectativas que seu grupo (família, amigos, escola, trabalho) espera, afinal, foram anos de investimento até aqui para adestrar cada um de nós a fazer o que se espera que todos nós façamos.
Nestes termos, nosso primeiro passo nesse campo disciplinar é entender que a sociedade e sua estruturação de hábitos e convivências são construções sociais, ou seja, não são coisas naturais que cada um de nós já “nasce com” e sim coisas não naturais que desenvolvemos na convivência por necessidade de desenvolvimento e de encaixe no mundo de que participamos.
Sendo assim, precisamos estranhar a realidade e entender que ela não é natural, mas antes, construída e naturalizada por nós mesmos, que não temos consciência de que fazemos isso.
Resumindo: somos um construto social, feitos em nossa sociedade e cultura, que se naturaliza erroneamente como resultado biológico herdado dos pais, porém, se há algo herdado nesse processo é a socialização, pelo qual se ensina cada ser a ser um ser como os outros seres.
Olho o mundo com o olhar que aprendi a ter, logo o meu olhar é um olhar condicionado as lentes que preciso usar para enxergar, a sociologia quer me fazer enxergar essas lentes para que possa ver para além delas, mesmo que esteja com elas.

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