Olhando o mundo com
um olhar!
Hanekin chegou no
planeta azul e não sabia qual o seu nome, até mesmo o azul era para ele pliks,
por isso chamou a terra de planeta Pliks. Aqui, ele encontrou criaturas de
fisionomia diferente da sua, eles têm só duas pernas e dois braços e não
possuem o poder de se metamorfosear ou de se ocultar no espaço. E foi com esse
recurso, de se ocultar, que ele decidiu usar para entender a espécie humana. Acompanhando
alguns humanos gigantes ele não entendeu o porquê de alguns comportamentos tão contraproducentes
que eles apresentavam. Como destruir as suas únicas fontes de ar e de água, sem
as quais eles não poderiam viver. Percebeu que eles se matavam não por sobrevivência
ou evolução e sim por diversão, irresponsabilidade e busca de prazer sem
limites. Intrigado Hanekin quis entender se isso era natural dessa espécie ou se
era algo desenvolvido entre eles no convívio social. Assim decidiu acompanhar crianças
recém-nascidas em seu processo de desenvolvimento. Leia o relatório que ele
fez:
A criança pliksiana nasce sem
habilidade alguma, até mesmo o pensamento é mínimo. Na interação com a
realidade a sua volta ela desenvolve códigos e significados. As coisas básicas como
comer, se locomover e comunicar precisa ser desenvolvido e ensinado (eles não aprenderiam
sozinhos!). Apesar do planeta ser pequeno é impressionante como em cada lugar
dele, onde essas crianças são construídas, variam suas falas, comportamentos e hábitos.
Falam diferente, eles se vestem! (impressionante como eles tem vergonha de seus
corpos) diferentes uns dos outros e comem/bebem/dormem diversicadamente. Para entende-los
é preciso olhar o lugar onde estão e os hábitos que seu grupo principal (família)
tem, por exemplo, se são de alguma religião ou qual a posse de riqueza que eles
têm. Vi que crianças pliksianas que nasceram com pouca riqueza ou de um grupo
religioso específico se comportavam como
tal, quando por algum motivo adquiriam mais riquezas ou práticas religiosas diferentes
mudavam também seus comportamentos. Assim concluo que essa espécie não possui
identidade. Eles são seres sem autenticidade.
Como se lê para Hanekin
a espécie humana é uma espécie que não nasce pronta, vai se tornando uma pessoa
no decorrer de sua vida, desenvolvendo comportamentos e hábitos no decorrer de
sua existência, e, tem esses comportamentos e hábitos atrelados ao lugar especifico
onde os mesmos se dão.
Esse é o mote da
sociologia, mostrar que o comportamento, pensamento, hábitos e preferências
humanos são determinados social e culturalmente, são construções que a
sociedade realiza sobre e em cada um nós. Assim, cada pessoa é livre para agir
de acordo as expectativas que seu grupo (família, amigos, escola, trabalho)
espera, afinal, foram anos de investimento até aqui para adestrar cada um de
nós a fazer o que se espera que todos nós façamos.
Nestes termos, nosso
primeiro passo nesse campo disciplinar é entender que a sociedade e sua
estruturação de hábitos e convivências são construções sociais, ou seja, não são
coisas naturais que cada um de nós já “nasce com” e sim coisas não naturais que
desenvolvemos na convivência por necessidade de desenvolvimento e de encaixe no
mundo de que participamos.
Sendo assim, precisamos
estranhar a realidade e entender que ela não é natural, mas antes, construída e
naturalizada por nós mesmos, que não temos consciência de que fazemos isso.
Resumindo: somos um
construto social, feitos em nossa sociedade e cultura, que se naturaliza erroneamente
como resultado biológico herdado dos pais, porém, se há algo herdado nesse
processo é a socialização, pelo qual se ensina cada ser a ser um ser como os
outros seres.
Olho o mundo com o olhar que aprendi a
ter, logo o meu olhar é um olhar condicionado as lentes que preciso usar para
enxergar, a sociologia quer me fazer enxergar essas lentes para que possa ver
para além delas, mesmo que esteja com elas.
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