Racismo (Um olhar antropológico)
Racismo é um processo humano e histórico. Desde o início, a espécie humana Homo Sapiens, como todas as outras, desenvolveu mecanismos naturais e sociais para preservar e perpetuar a própria espécie. Dentre esses mecanismos sociais que ele desenvolveu, um dos que mais se destacou e permaneceu com ele foi a classificação dos seres e espécies ao seu redor. Deste modo ele poderia de maneira mais objetiva e eficiente saber quem manter por perto e quem manter bem longe. Essa segregação de espécies animais e espécies humanas diferentes em aparência ou comportamentos foi transmitida de geração em geração e se tornou com o tempo inconsciente como pensamento, mas natural como comportamento, de modo que o neto fazia o que o avô fazia, mas não sabia o porque que fazia.
O racismo é tratar o outro a partir de suas características físicas, fenotípicas ou culturais. O racismo não é somente preconceito de pessoas brancas para com pessoas não brancas. O racismo é um comportamento do homo sapiens em todos os cantos do mundo. No Brasil, por exemplo, muito antes de os europeus chegarem, era muito natural o preconceito (racismo= diferenciação e luta física entre tribos indígenas) entre as tribos indígenas, havendo entre eles demarcações invioláveis de territorialidade e convivência. Essas demarcações se davam por aparências, práticas e rituais de uma cultura para outra. Encontramos preconceitos entre si dos povos e tribos africanas. Negros “contra” negros, ou mesmo chineses “contra” chineses, ou o que aparenta ser mais forte, de asiáticos “contra” asiáticos. Dificilmente encontraremos grupos humanos com diferenças quaisquer que não criem a partir das mesmas diferenciações de convivência, respeito e cuidado.
Entendendo o racismo (aparato biológico, psicológico e afetivo) como um processo humano histórico, podemos nós - cada um de nós - lidar com ele em si e se permitir ir além da nossa animalidade básica transcendendo a para uma humanidade mais racional, lógica e evoluída.
O racismo nas Américas tem sua história traçada da escravização dos povos africanos (vale citar que o processo de escravização é sempre presente na história humana desde seus primórdios) pelos povos europeus, sendo esse processo justificado por uma pseudo lei científica chamada de Taxonomia que foi elaborada por Carl Von Linné, que realizou uma classificação das espécies animais, inspirado em Charles Darwin, e que cometeu o erro de a utilizar para classificar espécie humana, colocando as pessoas de pele branca no topo e as pessoas de pele negra, preta, escura na última posição. A partir disso foi se criando mecanismos sociais de afirmação e legitimação dessa classificação fenotípica. Embora a própria ciência já tenha desmentido a taxinomia entre os humanos, o DNA comprova que somos genética e biologicamente iguais, independente de características raciais e fenotípicas.
A classificação do mundo ao nosso redor é natural, a diferenciação das pessoas por suas características (negro, nordestino, mulher, gay) é social e foi aprendida, e por isso, pode ser reaprendida em cada um de nós e pode ser repassada para as futuras gerações de novos meios e maneiras.
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