Sociologia no Brasil
A Sociologia surge no Brasil como pensamento
sociológico, como uma pratica social em busca de respostas sobre a organização
social do Brasil colonial e as mudanças sociais ocasionadas antes da
independência e abolição da escravidão e depois das mesmas. Desde 1808 com a
vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, e junto com essa vinda um amalgamado
de situações subsequentes para garantir a corte uma condição social econômica
favorável no nosso país. Temos, a partir, de então um exponencial crescimento
que foi gerador de uma transformação social e cultural, causadores de
transformações que os escritores, poetas, professores, sociólogos no Brasil e
no mundo procuraram entender e explicar.
A
sociologia no Brasil surge com uma influência externa muito forte, tanto pelos
brasileiros que se formavam na Europa e traziam as influencias dos pensadores e
sociólogos europeus e americanos que vem ao Brasil para pesquisar ou lecionar
nas faculdades que aqui vão surgindo. Vejamos alguns desses traços sociológicos
em produções nacionais consagradas.
José de Alencar (1829-1877) apresentou em suas
obras um esforço para produzir um conhecimento e reconhecimento nacional, em
obras como o Guarani, Iracema, Guerra dos Mascastes, Ubirajara, O Sertanejo,
Senhora e outros, buscando apresentar um Brasil e suas muitas facetas, suas
riquezas culturais e étnicas. Joaquim Nabuco (1849-1910) foi político,
diplomata, historiador, jurista e jornalista lutou por um estado laico por
entender que a Igreja Católica não favorecia o Estado Brasileiro, em um
discurso no plenário declarou: “A Igreja
Católica, apesar do seu imenso poderio em um país ainda em grande parte
fanatizado por ela, nunca elevou no Brasil a voz em favor da emancipação”.
Aqui temos uma luta ideológica por um vislumbre sociológico de um novo Brasil.
Euclides da Cunha (1866-1909) com obras consagradas como Os Sertões e Canudos,
procurou apresentar os regionalismos do Brasil e sua luta para o entendimento
de um país a parte de Portugal. Caio Prado Junior (1907-1990) tem em A Formação
do Brasil Contemporâneo seu mais reconhecido trabalho, que juntamente a muitos
outros buscam fazer uma análise, com forte influência no pensamento marxista,
das disparidades sociais na formação do novo Brasil, onde procura apontar as
causas sociais, ideológicas e históricas para a divisão da sociedade
brasileiras em classes sociais e econômicas distintas, com fortes demarcações
raciais. Sergio Buarque de Holanda (1902-1982) foi um importante jornalista, sociólogo e historiador brasileiro nascido
em São Paulo, um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX, que tentou
interpretar o Brasil, sua estrutura social e política, a partir das raízes
históricas nacionais. Teve como principal trabalho sua obra Raízes do
Brasil, texto que consiste de uma compreensão e
interpretação do processo de formação da sociedade brasileira. Tendo como tese
central o legado personalista da experiência colonial. No seu conceito de homem
cordial tematizou a característica central do povo brasileiro em lidar com a
esfera pública, política e social de forma racional e impessoal, dando ênfase a
afetividade (traço presente ainda hoje quando se vota em pessoas não em
propostas) para estas decisões. Gilberto Freyre (1900-1987) um autor de grande
produção acadêmica, histórica, sociológica e política; procurou apresentar os
regionalismos culturais do Brasil, rejeitou veementemente a cultura e a
política do branqueamento nacional, ele apresentou o Brasil como uma democracia
racial, país onde as misturas de raças deu certo, fazendo comparações diretas
com a mistura de raças nos Estados Unidos. Em seu livro Casa Grande e Senzala
afirma que a Democracia Racial no Brasil é possível graças ao bom senhor de
escravos (Casa Grande) e a conformação do escravo negro brasileiro (Senzala)
com sua condição, traça no livro a relação recíproca e positiva entre essas
duas raças. Recebeu diversas críticas ao seu conceito de Miscigenação positiva,
que fazia do Brasil uma nação ímpar, visto que essa miscigenação era sempre imposta
pelo homem branco (estupro), enquanto a mulher branca não se envolve com o
homem negro ou indígena. A outra crítica forte é a condição social desses
miscigenados na sociedade brasileira, ficando eles subjugados econômica, social
e culturalmente. Para fecharmos essa breve apresentação de autores ou
sociólogos brasileiros, que tiveram participação direta ou indireta na
construção do pensamento sociológico brasileiro, falemos de Florestan Fernandes
(1920-1995), e aqui temos o mais influente dos sociológicos citados. Florestan
tem um grande conjunto de obras sobre a sociologia brasileira e diversos
estudos sobre a realidade da sociedade brasileira. Teve uma grande atenção com
as divisões sociais e econômicas no Brasil, partindo do conceito marxista de divisão
e luta de classes, amplia seu leque cientifico para perceber que no Brasil esta
luta ou divisão tem o fator racial como fortemente preponderante, analisou isto
na sua obra A integração do negro na sociedade de classes de 1964. Florestan
foi sem dúvida o pensador mais profícuo na sociologia brasileira, e não por
menos, estará presente em futuras abordagens que teremos sobre essa ciência que
se nos desvela como importante para o conteúdo escolar, e principalmente para
compreender as estruturas sociais, políticas, econômicas, raciais e
principalmente ideológicas de formação dessa nossa maravilhosa Nação (minha
opinião).
Fizemos aqui um brevíssimo
recorte sobre os diversos autores brasileiros que contribuíram para o
desenvolvimento de um pensamento sociológico brasileiro e em sequência a uma
sociologia brasileira que nos ajudará a entender nossa formação nacional e a
origem de nosso estigma de país inferiorizado perante outras nações (nosso
corriqueiro hábito de comparar o Brasil para depreciação dele em relação a
outras nações). Nesse recorte não citamos a participação de sociólogos
estrangeiros que contribuíram trabalhando aqui, Levi Strauss , ou que estiveram
aqui para palestrar, pesquisar (Jean Paul Sartre e Michel Foucault). Enfocamos
em autores nacionais e suas contribuições diretas ou indiretas para essa
ciência que o Ensino Médio nos permite ter um primeiro contato. Nossa intenção
futura será de desenvolver uma interpretação do Brasil pelo Brasil, fazer um
esforço de reflexão sociológica para entender a sociedade brasileira e suas
formações sociais, econômicas, políticas e ideológicas. E uma questão muito
interessante para se abordar será a concepção predominantemente marxista
abordada no Brasil e suas consequências, e partir dessa concepção pensar como teria
sido, ou poderia ser, uma abordagem weberiana ou durkheimiana da sociedade
brasileira
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