domingo, 12 de março de 2017

Sociologia no Brasil

Sociologia no Brasil
A Sociologia surge no Brasil como pensamento sociológico, como uma pratica social em busca de respostas sobre a organização social do Brasil colonial e as mudanças sociais ocasionadas antes da independência e abolição da escravidão e depois das mesmas. Desde 1808 com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, e junto com essa vinda um amalgamado de situações subsequentes para garantir a corte uma condição social econômica favorável no nosso país. Temos, a partir, de então um exponencial crescimento que foi gerador de uma transformação social e cultural, causadores de transformações que os escritores, poetas, professores, sociólogos no Brasil e no mundo procuraram entender e explicar.
 A sociologia no Brasil surge com uma influência externa muito forte, tanto pelos brasileiros que se formavam na Europa e traziam as influencias dos pensadores e sociólogos europeus e americanos que vem ao Brasil para pesquisar ou lecionar nas faculdades que aqui vão surgindo. Vejamos alguns desses traços sociológicos em produções nacionais consagradas.
José de Alencar (1829-1877) apresentou em suas obras um esforço para produzir um conhecimento e reconhecimento nacional, em obras como o Guarani, Iracema, Guerra dos Mascastes, Ubirajara, O Sertanejo, Senhora e outros, buscando apresentar um Brasil e suas muitas facetas, suas riquezas culturais e étnicas. Joaquim Nabuco (1849-1910) foi político, diplomata, historiador, jurista e jornalista lutou por um estado laico por entender que a Igreja Católica não favorecia o Estado Brasileiro, em um discurso no plenário declarou: “A Igreja Católica, apesar do seu imenso poderio em um país ainda em grande parte fanatizado por ela, nunca elevou no Brasil a voz em favor da emancipação”. Aqui temos uma luta ideológica por um vislumbre sociológico de um novo Brasil. Euclides da Cunha (1866-1909) com obras consagradas como Os Sertões e Canudos, procurou apresentar os regionalismos do Brasil e sua luta para o entendimento de um país a parte de Portugal. Caio Prado Junior (1907-1990) tem em A Formação do Brasil Contemporâneo seu mais reconhecido trabalho, que juntamente a muitos outros buscam fazer uma análise, com forte influência no pensamento marxista, das disparidades sociais na formação do novo Brasil, onde procura apontar as causas sociais, ideológicas e históricas para a divisão da sociedade brasileiras em classes sociais e econômicas distintas, com fortes demarcações raciais. Sergio Buarque de Holanda (1902-1982) foi um importante jornalista, sociólogo e historiador brasileiro nascido em São Paulo, um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX, que tentou interpretar o Brasil, sua estrutura social e política, a partir das raízes históricas nacionais. Teve como principal trabalho sua obra Raízes do Brasil, texto que consiste de uma compreensão e interpretação do processo de formação da sociedade brasileira. Tendo como tese central o legado personalista da experiência colonial. No seu conceito de homem cordial tematizou a característica central do povo brasileiro em lidar com a esfera pública, política e social de forma racional e impessoal, dando ênfase a afetividade (traço presente ainda hoje quando se vota em pessoas não em propostas) para estas decisões. Gilberto Freyre (1900-1987) um autor de grande produção acadêmica, histórica, sociológica e política; procurou apresentar os regionalismos culturais do Brasil, rejeitou veementemente a cultura e a política do branqueamento nacional, ele apresentou o Brasil como uma democracia racial, país onde as misturas de raças deu certo, fazendo comparações diretas com a mistura de raças nos Estados Unidos. Em seu livro Casa Grande e Senzala afirma que a Democracia Racial no Brasil é possível graças ao bom senhor de escravos (Casa Grande) e a conformação do escravo negro brasileiro (Senzala) com sua condição, traça no livro a relação recíproca e positiva entre essas duas raças. Recebeu diversas críticas ao seu conceito de Miscigenação positiva, que fazia do Brasil uma nação ímpar, visto que essa miscigenação era sempre imposta pelo homem branco (estupro), enquanto a mulher branca não se envolve com o homem negro ou indígena. A outra crítica forte é a condição social desses miscigenados na sociedade brasileira, ficando eles subjugados econômica, social e culturalmente. Para fecharmos essa breve apresentação de autores ou sociólogos brasileiros, que tiveram participação direta ou indireta na construção do pensamento sociológico brasileiro, falemos de Florestan Fernandes (1920-1995), e aqui temos o mais influente dos sociológicos citados. Florestan tem um grande conjunto de obras sobre a sociologia brasileira e diversos estudos sobre a realidade da sociedade brasileira. Teve uma grande atenção com as divisões sociais e econômicas no Brasil, partindo do conceito marxista de divisão e luta de classes, amplia seu leque cientifico para perceber que no Brasil esta luta ou divisão tem o fator racial como fortemente preponderante, analisou isto na sua obra A integração do negro na sociedade de classes de 1964. Florestan foi sem dúvida o pensador mais profícuo na sociologia brasileira, e não por menos, estará presente em futuras abordagens que teremos sobre essa ciência que se nos desvela como importante para o conteúdo escolar, e principalmente para compreender as estruturas sociais, políticas, econômicas, raciais e principalmente ideológicas de formação dessa nossa maravilhosa Nação (minha opinião).
Fizemos aqui um brevíssimo recorte sobre os diversos autores brasileiros que contribuíram para o desenvolvimento de um pensamento sociológico brasileiro e em sequência a uma sociologia brasileira que nos ajudará a entender nossa formação nacional e a origem de nosso estigma de país inferiorizado perante outras nações (nosso corriqueiro hábito de comparar o Brasil para depreciação dele em relação a outras nações). Nesse recorte não citamos a participação de sociólogos estrangeiros que contribuíram trabalhando aqui, Levi Strauss , ou que estiveram aqui para palestrar, pesquisar (Jean Paul Sartre e Michel Foucault). Enfocamos em autores nacionais e suas contribuições diretas ou indiretas para essa ciência que o Ensino Médio nos permite ter um primeiro contato. Nossa intenção futura será de desenvolver uma interpretação do Brasil pelo Brasil, fazer um esforço de reflexão sociológica para entender a sociedade brasileira e suas formações sociais, econômicas, políticas e ideológicas. E uma questão muito interessante para se abordar será a concepção predominantemente marxista abordada no Brasil e suas consequências, e partir dessa concepção pensar como teria sido, ou poderia ser, uma abordagem weberiana ou durkheimiana da sociedade brasileira


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