terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Emile Durkheim


O sociólogo francês, Emile Durkheim, tinha por objetivação analisar e apresentar a sociedade como sendo uma formação social humana que precede a existência social humana. Durante muito tempo, filósofos escreveram sobre o contrato social, supondo que os homens viviam num estado de natureza e teriam renunciado ao mesmo (liberdade) para viver em sociedade. A Sociologia em geral não concorda com essa visão. Emile Durkheim defendeu o primado da sociedade sobre o indivíduo, o que significa que não há homem sem sociedade, pois o homem é essencialmente um ser social (formado na sociedade). Assim, a sociedade não era simples soma de indivíduos, mas uma realidade exterior ao indivíduo que organiza e dá sentido a existência do mesmo (existência interior).
A sociedade se organiza através de uma consciência coletiva, e, por isso não basta falar em uma simples soma de pessoas, pois a sociedade é um sistema formado pela associação de pessoas, e é representante de uma realidade especifica de características próprias. Essa consciência coletiva é exterior ao individuo e exerce sobre o mesmo um poder de coerção. Esse poder de coerção exterior ao indivíduo e presente em sua consciência, Durkheim nomeou de Fato Social, que significa que esse indivíduo desde o nascimento, e principalmente a partir da aquisição de uma consciência de existência, passa a absorver as regras, os valores, os costumes da sociedade. Dessa forma, os fatos sociais têm uma existência externa às consciências individuais e consistem em ideias ou normas de conduta que são estabelecidas pela coletividade em que esse indivíduo está inserido, e não isoladamente. Assim os fatos sociais são externos ao indivíduo porque existem antes de ele nascer e continuarão existindo depois que ele morrer.
Entender esses fatos sociais se faz fundamental para entender Emile Durkheim, e o único método valido para fazer isso, segundo o mesmo, seria aquele em que o cientista social deve abandonar suas prenoções (valores e sentimentos pessoais em relação ao objeto estudado), Já que eles podem distorcer a realidade, esse processo que ele cunhou de neutralidade cientifica.
Então veja, esse homem/mulher social (formado socialmente) coagido por fatos sociais e possuidor de uma consciência coletiva, decide/escolhe viver em sociedade, a mesma que o controla, por quê? Simplesmente porque o mesmo não consegue conceber a própria existência fora da sociedade, ou em outras palavras, a sociedade é mantenedora de sua identidade. A esse esquema de trocas entre sociedade e individuo Durkheim, chamou de solidariedade, que difere do sentido cristão da palavra. Solidariedade aqui é a convivência com o outro (em sociedade) por necessidade de ambos para a mesma. Essa solidariedade foi apresentada como sendo de dois tipos: a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica.
Solidariedade mecânica: modelo de convivência mais antigo, rural (folk), de pequenas comunidades, onde a ação coletiva tem como referência um modelo social comum, uma presença muito forte de uma consciência coletiva legitima e legitimada. Podemos usar como exemplo o relógio, onde todas as peças, mecanismos, engrenagens e outros; atuam com a finalidade de fazer o relógio funcionar, fornecer horas.
Solidariedade Orgânica: modelo de convivência da modernidade ou pós-revolução industrial que se caracteriza pela autonomia de ação. Os indivíduos tornam-se diferentes uns dos outros, a solidariedade só pode surgir da percepção geral de cada um com suas especificidades, dons e especialidades, e assim, contribui de maneira diferente para a sobrevivência do todo. Algo como o corpo humano com diversos órgãos que formam um só organismo/corpo, onde todos trabalham para exercer sua função especifica e indiretamente contribuem para a sobrevivência do todo.
Referente à Educação, ela pode ser compreendida como o conjunto de ações exercidas das gerações adultas sobre as que ainda não alcançaram o estatuto de maturidade para a vida social. 
Partindo desta orientação, elabora sua teoria da educação, propondo uma socialização metódica das gerações novas. Para ele, era necessário articular a pedagogia à sociologia, uma vez que a escola teria como finalidade suscitar e desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais exigidos pela sociedade e que seriam aplicáveis à mesma.
Sobre a Religião Durkheim tem um amplo interesse pela religião porque ela articula rituais e símbolos que têm o efeito de criar entre indivíduos afinidades sentimentais que constituem a base de classificações e representações coletivas. Para ele a religião é um conjunto de práticas e representações que vemos em ação tanto nas sociedades modernas quanto nas sociedades primitivas, e, ao tomar como objeto a religião, Durkheim tenta estabelecer que ela não suponha necessariamente a crença num Deus transcendente. Ela é antes de tudo um “sistema de crenças e de práticas”, definidoras do viver social.

Resumindo, para Durkheim a sociedade “faz o individuo” porque prevalece sobre todas as pessoas, assim a vida em sociedade aponta para uma consciência coletiva (conjunto de regras morais vigentes em uma estrutura social). Essa consciência coletiva apresenta dois modelos de convivência social, a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. Sobre a educação, entende que a mesma é método central de socialização do individuo e analisa a religião e sua importantíssima influência no comportamento e convivência social. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário