A religião
tem acompanhado o ser humano desde
os seus
primórdios, servindo como uma ponte
de compreensão para diversos fatos
supostamente
incompreensíveis.
A
gênese da modernidade ocidental situa-se nas transformações sociais ocorridas
no século XVIII. Os marcos históricos da modernidade – o Iluminismo, Revolução
Industrial, a Revolução Francesa – são essenciais para percebemos uma Nova Era
que nascia sob o auspicio da racionalidade e da reflexividade. Com o advento da
modernidade, o ser humano racional como seu ‘ator principal’ acontece,
concomitantemente, o declínio da religião.
O
ser humano como ser social formado socialmente, é composto por conjunturas de
valores que são determinantes do seu pensar e do seu agir. Esses valores são
construções humanas socialmente condicionadas e determinadas, que significa que
são construídas no grupo, pelo grupo e para o grupo. Essas construções têm
diversas referências sociais e históricas (religiosas e filosóficas), por isso,
para melhor conhecer e compreender os seus porquês precisamos entender as
bases, os alicerces estruturais dessas construções.
Ora, se nossas ações têm por base
valores e referenciais éticos, é preciso então descobrirmos de onde surgem
esses valores e referenciais. Na conjuntura valorativa ocidental, e em todas as
outras, a religião e seus preceitos e conceitos (bem/mal, certo/errado,
verdadeiro/falso) são constitutivas das organizações sociais e legais. Em
outras palavras como diz Max Webber “é preciso conhecer a concepção global de
existência de um agente para compreender suas atitudes”, ou ainda, “A religião
associa-se ao corpo social não pelas instituições, mas pelos valores que o
indivíduo carrega e transforma em motivações da ação social”.
A Sociologia visa mostrar a
contribuição da religião para a Coesão Social e para a Integração de Valores,
pois a religião, e todos os seus valores, afeta a sociedade que a abriga não
apenas externamente, mas fundamentalmente internamente, pois a medida que
apreendidos, apropriados e internalizados pelos indivíduos, participam
ativamente do arcabouço estrutural do individuo.
Um exemplo dessas referencia está
em sua obra A Ética Protestante e o
Espírito do Capitalismo, em que ele apresenta como o ethos (costumes e os
traços comportamentais de um povo) religioso
puritano contribuiu para com o avanço do capitalismo.
“Não
se trabalha simplesmente para se acumular capital, pois seria uma motivação
insuficiente. Trabalha-se porque o trabalho é bom, portanto um valor em si
mesmo. Analisa-se como a vocação, a virtude e a ascese do protestante contribuíram para que ocorresse o acúmulo de
capital”.
A Sociologia da Religião analisa esse mote de
transformação sociocultural a partir da transformação do papel da religião na
modernidade que vai inaugurar uma nova estrutura social calcada no desencantamento do mundo e na sua
sequência, a secularização.
Desencantamento do mundo corresponde a mudança de postura para com o mundo, um
olhar sobre o mesmo com uma concepção antimágica e antirritualista, o que
indiretamente apoia a investigação cientifica. O que em outras palavras
significa que realidades que eram explicadas através das divindades (chuva,
nascimento, doença, morte) agora serão explicadas pelo estudo e compreensão do
mundo (construções racionais humanas e as leis naturais) e a subsequente secularização
da sociedade decorrida. Numa sociedade secularizada, os indivíduos sentem-se
livres para encontrar, de forma autônoma e refletida, o seu próprio universo de
significações diante de um mundo fragmentado, visto que não há mais uma
instituição (Deus, igreja) definidora do olhar com que se vai olhar a realidade
e o mundo.
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