Você vive como tem de
viver, diria Rousseau, você vive como a natureza não lhe ensinou a viver. Para Rousseau
o homem difere do gato, visto que esse já nasce com uma natureza determinada e
já tem em si toda tecnologia necessária para o seu viver. Contudo, o homem não
dispõem de tecnologia (natureza) para o viver. O homem não nasce pronto,
precisa se fazer, ou melhor, precisa ser feito homem. A pergunta que nos cabe
fazer aqui é: feito por quem? Ele responde. Feito pelas interações
sociais/existenciais que irão compor sua existência, ou em outras palavras, se
existisse sociologia na sua época, ele diria que a existência é uma formação
social.
Veja que os conceitos,
preceitos, ideologias e filosofias que utilizamos para viver/conviver não são
encontradas entre os outros seres viventes. É coisa de homens/mulheres, não
haverá entre macacos, cachorros, abelhas ou formigas. Não existem, também, no
mundo, se o homem não as criasse não existiriam, na verdade elas não existem em
lugar algum, elas existem no homem, em seu coração e mente.
Você sai de casa de
bicicleta e traça o caminho que fará para chegar em seu destino, mentaliza onde
vai virar direita/esquerda , subir/descer, ciclovia, semáforo, faixa de pedestre.
Está é a realidade, referencias simbólicas que orientam suas pedaladas para
chegar ao destino proposto. Agora tente fazer o caminho proposto sem os
referenciais simbólicos (direita/esquerda, subir/descer, ciclovia, semáforo,
faixa de pedestre) ou pior tente explicar o caminho para alguém sem os mesmos.
Os referenciais
existenciais são construções humanas para agilizar, facilitar e orientar seu
comportamento e convívio social. Imagine se não houvesse linguagem (símbolos)
como faríamos para passar os conhecimentos de uma geração para outra. Como
possibilitar que a geração seguinte entenda e aprenda o que a geração anterior
descobriu/desenvolveu sem instrumentos facilitadores desse processo (linguagem
falada, escrita ou digital). Então, perceba que os referenciais existenciais
(norte/sul, melhor/pior, amor/ódio) são construtos humanos norteadores da
relação/interação humana, e que sem eles ficaríamos perdidos, talvez como os
homens das cavernas, afinal, sem uma boa construção referencial histórica (a
história de si mesmo) o homem/mulher gastaria a maior parte de sua existência
apenas para saber quem é.
Nesse sentido esses
fatores referenciais valorativos e ideológicos que são criação humana, e não
existem no mundo, e que tem o propósito de nortear a condição, situação e
existência humana, sendo para este uma referência valorativa (boa/má,
negativa/positiva, prazerosa/nojenta). Assim a condição humana é, ao contrario
do que sempre acreditamos, um construto do homem para si mesmo, ela é uma
elaboração filosófica socialmente determinada pela convivência do homem com o
homem. Se esta convivência/existência é ruim ou negativa o é porque foi
construída assim. O que significa que poderia ser diferente do que é, significa
que poderia (e pode) ser construída de outra maneira. O essencial desta análise
é nos possibilitar, a partir da compreensão da formação de si mesmo,
redirecionar, re-equacionar, refazer (se necessário) nossas concepções sociais
e ao nosso respeito, nos possibilitando sempre a construção da melhor
existência e convivência no mundo da vida.
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