sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Diversidade Social

Diversidade Social

A questão do preconceito sempre foi muito polêmica, mas esse debate tornou-se obrigatório e o silêncio sobre o assunto pode ser uma forma de se reproduzir posturas preconceituosas que emergem constantemente nas relações sociais.  Ainda em nosso quadro nacional que apresenta uma multiplicidade étnica e racial, provavelmente única no mundo, tanto em diversidade como em quantidade.
Um primeiro passo essencial a se dar, falando sobre preconceitos, é o de desnaturalizar o que não é natural nos processos e relações sociais. O senso comum comete o erro de naturalizar comportamentos e aspectos da cultura que na verdade, são resultantes de processos históricos. Ideologias e o senso comum naturalizam a realidade, escondendo a sua origem temporal e espacial. Assim, acredita-se ser natural a existência de ricos e pobres, ou justifica-se o racismo com base nas próprias diferenças de cor e aspectos físicos dos seres humanos. Desnaturalizar a realidade social significa recusar argumentos que justificam injustiças, e isso se faz pelo resgate dos conteúdos históricos pertinentes, e assim não deixar escapar a construção cultural dos sentimentos humanos, como ambição, o ciúmes, o amor romântico ou os preconceitos de todos os tipos.
A vivência social é representação social, e está é uma forma de conhecimento prático, que é constituído de conceitos e imagens sobre pessoas, práticas e fenômenos do cotidiano. Estas representações são naturais e inevitáveis no processo de convivência humana, e elas têm conotações positivas, neutras e negativas. Como a intensão aqui é falarmos sobre a diversidade social, temos de falar especificamente dos seus aspectos negativos, visto que socialmente tendemos a rejeitar ou impedir o diverso ou incomum. E para isso observemos três categorias negativas dessas representações sociais. 
Três categorias fundamentais
Minoria Social=> é todo grupo social, cultural ou de nacionalidade, autoconsciente, em procura de melhor status compartilhado do mesmo habitat, economia, ordem politica e social com outro grupo (racial, cultural ou de nacionalidade), que é dominante (econômica, politica ou socialmente) e que não aceita os membros do primeiro em igualdade de condições.
Preconceito=> é atitude social (aprendida) que surge em condições de conflito entre o que é  usualmente considerado padrão com a finalidade de auxiliar a manutenção do status ameaçado por aquele que não pertence ao mesmo.
Estigma[1]=> é uma marca, um rótulo que se atribui a pessoas com certos atributos de determinadas classes ou que pertença há uma categoria diversa, que tem como perspectiva uma desqualificação social. Os rótulos dos estigmas decorrem de preconceitos, que são ideias preconcebidas, cristalizadas, consolidadas no pensamento, por crenças e por negativas expectativas sócio individuais.
Ambos – preconceitos e estigmas – promovem e naturalizam palavras ou ações violentas. Preconceito por ser inflexível, rígido, imóvel e violento, visto que ele é uma rejeição de tudo que se difere e foge do modelo de pessoa, família ou grupo. E o estigma que é atribuído há grupos específicos na sociedade como os pobres, os meninos de rua, portadores de HIV, pessoas com necessidades especiais e, em nossa cultura acentuadamente, os homossexuais e outros grupos do gênero.
Sabe-se que a violência não se define somente no plano físico; violências como a ironia, à omissão e a indiferença não recebem no meio social, os mesmos limites, restrições ou punições que os atos físicos de violência. Entretanto, essas “armas” de repercussão psicológica e emocional são de efeito tão ou mais profundo que o das armas que atingem e ferem o corpo, porque as armas  da ironia ferem um valor precioso do ser humano: a autoestima. Um bom remédio (provavelmente o mais eficaz) contra o preconceito e o estigma, seria o de fazermos análises criticas dessas significações e suas historicidades, identificando causas e motivações, percebendo os mesmos como transmissões culturais aprendidas que podem ser desaprendidas. Desse processo de ressignificações podem surgir novos conceitos, mais reais, mais consistentes, mais abertos e flexíveis e, portanto, mais humanos. As novas ressignificações por uma vida, uma conivência e uma consciência social mais inclusivas requerem, sobretudo, atitudes que assumam um dos valores mais expressivos dos tempos contemporâneos: a aceitação da pluralidade.
Raça, Etnia e Racismo
A ideia de raça surgiu aproximadamente no século XVIII, portanto, é uma categoria construída há pouco tempo e não tem muita relação com a natureza humana, mas com interpretações variadas acerca da diversidade humana e suas consequências. A partir disso postulou se que a desigualdade humana também deveria ter uma origem natural e a noção de raça tornou-se explicação biológica para a diversidade cultural e humana. A sociedade brasileira é “racializada”, inclusive como distinção e divisão espacial, social e econômica. Por exemplo, os negros e pardos, no Brasil são menos da metade da população, mas 64% dos pobres e 69% dos indigentes são negros. Com o mesmo nível de formação de um branco, um trabalhador negro ganha 54% a menos. A mulher negra recebe salario 49,5% menor do que o de uma branca. 27% dos estudantes da população negra, entre 11 e 14 anos, estão entre o 6º e 9º ano, enquanto, entre os brancos o índice é de 44%. A taxa de analfabetismo é três vezes maior entre os negros.
Numa perspectiva cientifica, não é possível naturalizar e justificar está condição social e educacional entre negros e brancos, é necessário, por isso, perceber que tal situação resulta de um processo histórico. Se pensarmos os conceitos de etnia e raça, tendo uma definição mais exata como referência. Sendo a Etnia=> caracterizada por fatores culturais como tradição, língua e identidade, e Raça=> como fatores biológicos como a cor da pele, formato da cabeça, o tipo de cabelo, traços e formatos específicos de olhos, cabelos e rosto. Assim pessoas de uma mesma etnia podem pertencer a raças diferentes e, infelizmente, usamos a raça como referência de classificação[2] para aceitação ou rejeição.
Pensamos normalmente que o Brasil foi formado por apenas três etnias (Indígenas, brancos e africanos), o que fica omitido é que somos um país pluriétnico em todos os sentidos possíveis. Vejam, os indígenas não compõem uma etnia única. Os indígenas no Brasil possuíam milhares de etnias, com uma enorme diversidade linguística e cultural, ainda hoje temos mais de duzentas etnias indígenas (já foram mais de cinco mil). As populações africanas que foram trazidas para o Brasil pertenciam a inúmeras etnias portadoras de costumes, crenças e idiomas diferentes. E também a população branca[3] também não é originária de uma mesma etnia. Os primeiros eram portugueses, depois vieram os italianos, alemães, holandeses, japoneses, franceses. “O estranhamento étnico no Brasil era de ser esperado. A discriminação é que causa estranheza”. É só pensarmos nossa experiência linguística, ela é composta pela adoção de palavras originárias das muitas etnias que compõem o País.
Já o racismo=> é a tendência a considerar raças distintas como superiores umas as outras; ou pensar que características físicas são determinantes de traços de caráter, posse de inteligência ou qualquer outra determinação social; também a crença na existência de raças superiores e inferiores foram utilizadas para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade. A questão é que a noção de “raça” não possui nenhum fundamento biológico. Não há nenhuma prova cientifica da existência de raças diferentes (genética). A Biologia só identificou uma raça: a raça humana. “A importância que o ser humano dá à cor da pele do seu semelhante é inominável”. A diferença de cor entre as pessoas tem uma explicação cientifica para a qual o homem/mulher não contribui minimamente. Está diferença seria a maior ou menor concentração de melanina da pele, que torna a pele da pessoa mais escura ou mais clara.    




[1][1] O estigma deriva da ideia de modelo humano perfeito (pessoa ideal – Platão), contudo, isso é ilusório. Uma comprovação clara disso é o uso e prática frequente de cosméticos, cirurgias e academias. 
[2] Lembre-se do tema Determinação Estético Cultural do Belo.
[3] Mesmo os italianos, alemães, holandeses, franceses, portugueses, espanhóis e outros são etnias formadas pela mistura de outros povos étnicos em si. A etnia italiana é composta por mais de 15 etnias. A França no mínimo 5 etnias. A Alemanha por uma inumerável quantidade de tribos germânicas, juntamente com os celtas e eslavos. Até mesmo os japoneses contam com 4 etnias, talvez mais.  

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