Diversidade Social
A questão do preconceito sempre foi muito polêmica, mas esse
debate tornou-se obrigatório e o silêncio sobre o assunto pode ser uma forma de
se reproduzir posturas preconceituosas que emergem constantemente nas relações
sociais.
Ainda em nosso quadro nacional que apresenta uma multiplicidade
étnica e racial, provavelmente única no mundo, tanto em diversidade como em
quantidade.
Um primeiro passo essencial a se dar, falando sobre
preconceitos, é o de desnaturalizar o
que não é natural nos processos e relações sociais. O senso comum comete o erro
de naturalizar comportamentos e aspectos da cultura que na verdade, são
resultantes de processos históricos. Ideologias e o senso comum naturalizam a
realidade, escondendo a sua origem temporal e espacial. Assim, acredita-se ser
natural a existência de ricos e pobres, ou justifica-se o racismo com base nas
próprias diferenças de cor e aspectos físicos dos seres humanos. Desnaturalizar
a realidade social significa recusar argumentos que justificam injustiças, e
isso se faz pelo resgate dos conteúdos históricos pertinentes, e assim não
deixar escapar a construção cultural dos sentimentos humanos, como ambição, o
ciúmes, o amor romântico ou os preconceitos de todos os tipos.
A vivência social é representação social, e está é uma forma
de conhecimento prático, que é constituído de conceitos e imagens sobre
pessoas, práticas e fenômenos do cotidiano. Estas representações são naturais e
inevitáveis no processo de convivência humana, e elas têm conotações positivas,
neutras e negativas. Como a intensão aqui é falarmos sobre a diversidade social,
temos de falar especificamente dos seus aspectos negativos, visto que
socialmente tendemos a rejeitar ou impedir o diverso ou incomum. E para isso
observemos três categorias negativas dessas representações sociais.
Três categorias
fundamentais
Minoria Social=> é todo grupo social, cultural ou de
nacionalidade, autoconsciente, em procura de melhor status compartilhado do
mesmo habitat, economia, ordem politica e social com outro grupo (racial,
cultural ou de nacionalidade), que é dominante (econômica, politica ou
socialmente) e que não aceita os membros do primeiro em igualdade de condições.
Preconceito=> é atitude social (aprendida) que
surge em condições de conflito entre o que é
usualmente considerado padrão com a finalidade de auxiliar a manutenção
do status ameaçado por aquele que não pertence ao mesmo.
Estigma[1]=> é uma marca, um rótulo que se
atribui a pessoas com certos atributos de determinadas classes ou que pertença
há uma categoria diversa, que tem como perspectiva uma desqualificação social.
Os rótulos dos estigmas decorrem de preconceitos, que são ideias preconcebidas,
cristalizadas, consolidadas no pensamento, por crenças e por negativas
expectativas sócio individuais.
Ambos – preconceitos e estigmas – promovem e naturalizam
palavras ou ações violentas. Preconceito
por ser inflexível, rígido, imóvel e violento, visto que ele é uma rejeição de
tudo que se difere e foge do modelo de pessoa, família ou grupo. E o estigma
que é atribuído há grupos específicos na sociedade como os pobres, os meninos
de rua, portadores de HIV, pessoas com necessidades especiais e, em nossa
cultura acentuadamente, os homossexuais e outros grupos do gênero.
Sabe-se que a violência não se define somente no plano
físico; violências como a ironia, à omissão e a indiferença não recebem no meio
social, os mesmos limites, restrições ou punições que os atos físicos de
violência. Entretanto, essas “armas” de repercussão psicológica e emocional são
de efeito tão ou mais profundo que o das armas que atingem e ferem o corpo,
porque as armas da ironia ferem um valor
precioso do ser humano: a autoestima. Um bom remédio (provavelmente o mais
eficaz) contra o preconceito e o estigma, seria o de fazermos análises criticas
dessas significações e suas historicidades, identificando causas e motivações,
percebendo os mesmos como transmissões culturais aprendidas que podem ser
desaprendidas. Desse processo de ressignificações podem surgir novos conceitos,
mais reais, mais consistentes, mais abertos e flexíveis e, portanto, mais
humanos. As novas ressignificações por uma vida, uma conivência e uma
consciência social mais inclusivas requerem, sobretudo, atitudes que assumam um
dos valores mais expressivos dos tempos contemporâneos: a aceitação da pluralidade.
Raça, Etnia e
Racismo
A ideia de raça surgiu aproximadamente no século XVIII,
portanto, é uma categoria construída há pouco tempo e não tem muita relação com
a natureza humana, mas com interpretações variadas acerca da diversidade humana
e suas consequências. A partir disso postulou se que a desigualdade humana
também deveria ter uma origem natural e a noção de raça tornou-se explicação
biológica para a diversidade cultural e humana. A sociedade brasileira é
“racializada”, inclusive como distinção e divisão espacial, social e econômica.
Por exemplo, os negros e pardos, no Brasil são menos da metade da população,
mas 64% dos pobres e 69% dos indigentes são negros. Com o mesmo nível de
formação de um branco, um trabalhador negro ganha 54% a menos. A mulher negra
recebe salario 49,5% menor do que o de uma branca. 27% dos estudantes da
população negra, entre 11 e 14 anos, estão entre o 6º e 9º ano, enquanto, entre
os brancos o índice é de 44%. A taxa de analfabetismo é três vezes maior entre
os negros.
Numa perspectiva cientifica, não é possível naturalizar e
justificar está condição social e educacional entre negros e brancos, é
necessário, por isso, perceber que tal situação resulta de um processo
histórico. Se pensarmos os conceitos de etnia e raça, tendo uma definição mais
exata como referência. Sendo a Etnia=> caracterizada por fatores culturais
como tradição, língua e identidade, e Raça=> como fatores biológicos como a
cor da pele, formato da cabeça, o tipo de cabelo, traços e formatos específicos
de olhos, cabelos e rosto. Assim pessoas de uma mesma etnia podem pertencer a
raças diferentes e, infelizmente, usamos a raça como referência de
classificação[2]
para aceitação ou rejeição.
Pensamos normalmente que o Brasil foi formado por apenas três
etnias (Indígenas, brancos e africanos), o que fica omitido é que somos um país
pluriétnico em todos os sentidos possíveis. Vejam, os indígenas não compõem uma
etnia única. Os indígenas no Brasil possuíam milhares de etnias, com uma enorme
diversidade linguística e cultural, ainda hoje temos mais de duzentas etnias
indígenas (já foram mais de cinco mil). As populações africanas que foram
trazidas para o Brasil pertenciam a inúmeras etnias portadoras de costumes,
crenças e idiomas diferentes. E também a população branca[3]
também não é originária de uma mesma etnia. Os primeiros eram portugueses,
depois vieram os italianos, alemães, holandeses, japoneses, franceses. “O estranhamento étnico no Brasil era de ser
esperado. A discriminação é que causa estranheza”. É só pensarmos nossa
experiência linguística, ela é composta pela adoção de palavras originárias das
muitas etnias que compõem o País.
Já o racismo=> é
a tendência a considerar raças distintas como superiores umas as outras; ou pensar
que características físicas são determinantes de traços de caráter, posse de
inteligência ou qualquer outra determinação social; também a crença na existência
de raças superiores e inferiores foram utilizadas para justificar a escravidão,
o domínio de determinados povos por outros e os genocídios que ocorreram
durante toda a história da humanidade. A questão é que a noção de “raça” não
possui nenhum fundamento biológico. Não há nenhuma prova cientifica da existência
de raças diferentes (genética). A Biologia só identificou uma raça: a raça
humana. “A importância que o ser humano
dá à cor da pele do seu semelhante é inominável”. A diferença de cor entre
as pessoas tem uma explicação cientifica para a qual o homem/mulher não contribui
minimamente. Está diferença seria a maior ou menor concentração de melanina da
pele, que torna a pele da pessoa mais escura ou mais clara.
[1][1]
O estigma deriva da ideia de modelo humano perfeito (pessoa ideal – Platão),
contudo, isso é ilusório. Uma comprovação clara disso é o uso e prática
frequente de cosméticos, cirurgias e academias.
[2]
Lembre-se do tema Determinação Estético Cultural do Belo.
[3]
Mesmo os italianos, alemães, holandeses, franceses, portugueses, espanhóis e
outros são etnias formadas pela mistura de outros povos étnicos em si. A etnia
italiana é composta por mais de 15 etnias. A França no mínimo 5 etnias. A
Alemanha por uma inumerável quantidade de tribos germânicas, juntamente com os
celtas e eslavos. Até mesmo os japoneses contam com 4 etnias, talvez mais.
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