domingo, 7 de agosto de 2016

Sociologia do Trabalho

Sociologia do trabalho

A Sociologia do Trabalho estuda as relações sociais de trabalho, os fenômenos resultantes de tais relações e o papel dos sujeitos ou agentes envolvidos nas relações e ambientes de trabalho.
Ao analisarmos a temática do trabalho, deparamo-nos com um paradoxo, uma contradição; ao mesmo tempo em que o trabalho constrói o homem/mulher, ele também destrói. Dessa maneira, primeiramente iremos analisar de que modo o trabalho é um fator positivo para a estruturação dos homens e dos grupos sociais e de que modo o trabalho é um fator de negação da potencialidade humana.
O trabalho é a forma fundante do ser social, forma primeira da atividade humana, da práxis. Nesse sentido, o trabalho se torna humano através da atividade de intercambio entre o homem/mulher e a natureza, no qual ele a transforma de acordo com as suas necessidades e simultaneamente ele também é transformado.
O trabalho é também uma atividade essencialmente humana, devido ao fato de que ele é dotado de teleologia: o trabalho é um projeto que é previamente planejado de modo intencional pela mente do homem, como ser da práxis, visando uma determinada finalidade. Esse é o fator que diferencia o trabalho humano do trabalho de todos os outros animais: ele é intencional.
Enquanto o homem/mulher adapta a natureza em função da satisfação das suas necessidades, o animal adapta-se à natureza, desfrutando das condições que ela lhe oferece. Se pensarmos no pássaro joão-de-barro, ou na abelha, ou na aranha, etc., eles sempre constroem suas moradias do mesmo modo, através de seu trabalho, que nunca se complexifica e que é resultado da objetividade de um instinto. Já os homens/mulheres executam construções que a cada dia que passa vão sendo cada vez mais complexas, e na medida em que os mesmos vão aperfeiçoando-as em suas projeções mentais, visto que a construção realizada pelo humano é resultado da objetividade de sua subjetividade e também é influenciada pelas relações sociais às quais ele é constantemente submetido. Assim, através do trabalho, os homens/mulheres vão produzindo historicamente a sua existência e suas relações sociais. Essa é a positividade do trabalho do humano criativo, portanto, a positividade do trabalho o revela como uma atividade que funda o homem/mulher como ser social, que é calcada no princípio da criatividade. Nesse sentido, podemos perceber sua dimensão qualitativa, que se distingue pela habilidade de inovar e melhorar a existência/convivência, que é a intencionalidade de toda e qualquer produção de bens socialmente úteis, realizada pelo humano.
Prosseguiremos então com o trabalho como fator de negação da potencialidade humana. Na nossa sociedade capitalista, os homens/mulheres produzem historicamente sua existência através do trabalho. Para que isso aconteça, através do trabalho que eles executam e também de acordo com sua história, eles são divididos socialmente entre duas classes que apresentam interesses antagônicos(Karl Marx).
Uma classe é a dos proprietários dos meios de produção, ou seja, dos capitalistas, e a outra é a dos possuidores apenas de sua força de trabalho, que são os proletários. A relação entre ambas expressa uma notável relação de desigualdade social e econômica. Como exemplos dessa afirmação, temos dois fenômenos: o primeiro é que o trabalhador proletário trabalha sobre o controle do proprietário capitalista e o segundo é que o produto produzido diretamente pelo proletário não é propriedade dele, mas sim dos proprietários capitalistas. Por conseguinte, o resultado final do trabalho não pertence aos trabalhadores; o trabalho então tem caráter exterior ao do trabalhador. Essa é então, uma manifestação de alienação. Para o trabalhador proletário, o trabalho é algo penoso, que o remete ao sacrifício.
As condições que regem o capitalismo e determinam o processo de trabalho causam a alienação do trabalhador. Consequentemente o proletário não consegue se reconhecer enquanto sujeito do produto do seu trabalho, pois ele não decide nem mesmo sobre o que, quando, como, para que e para quem produzir.
Nas relações de produção a alienação acontece de vários modos e o estranhamento é a forma especifica de alienação no sistema capitalista. O trabalhador produz algo estranho, que não é seu, que ele não pode possuir, que ele não consegue se ver como produtor direto do seu trabalho determinado, é  algo que  produz para alguém estranho (que geralmente é o detentor dos meios de produção), que na maioria das vezes ele nem conhece. Nestes termos, esse trabalhador proletário, que vive do seu trabalho e para o seu trabalho, é transformado pelas relações sociais e pelas relações de produção em mera mercadoria. Ele é cada vez mais explorado e sempre desvinculado do produto de seu trabalho quando esta produzindo para o “outro”.
Há então, um processo de humanização da coisa e coisificação do humano, criando o fetichismo da mercadoria e a consequente desumanização dos indivíduos envolvidos em tal processo. A coisa, ou seja, o produto, adquire uma certa ‘humanização’, uma vida própria. Já os trabalhadores que produziram a coisa, são cada vez mais desumanizados em detrimento do que produziram. Sua subjetividade e importância enquanto ser humano é descartada. Apenas o que interessa para os detentores dos meios de produção, é à força de trabalho dos trabalhadores. E para os trabalhadores, alienados pelo processo de trabalho no qual eles estão inseridos, somente interessa a mínima quantia que eles recebem para prover o sustento deles e de suas respectivas famílias.
Portanto, a dimensão negativa do trabalho o revela como fator de coisificação da potencialidade humana no capitalismo, como atividade que foi transformada em labor, sacrifício, objetificação, devido à sobreposição de sua dimensão quantitativa em relação à qualitativa. Ambas as dimensões se distinguem apenas pelo “quantum” socialmente materializado na mercadoria, que é o que prevalece no capitalismo. Todo esse contexto traz como consequências o fato do trabalhador não se reconhecer enquanto sujeito do produto de seu trabalho, que acaba por negar sua dimensão de ser social e também pelo fato de seu trabalho pertencer a outrem e não a ele mesmo.

Nestes termos, marxistas, propostos, precisamos não reduzir o olhar. Evidente que, de Marx para cá houveram muitas mudanças e novas e estruturações do trabalho, mesmo que em essência (as relações de trabalho) não se tenha modificado. Mas, em nossos dias as sociedades não se dividem em duas classes econômicas somente, na maior parte do mundo pensa se em três classes sociais objetivas (alta, média e baixa), em alguns países, como o Brasil, se configuram em mais classes (A, B, C, D e E). Outra  transformação que precisa ficar clara é a de que não existe somente o propriedade dos bens de trabalho como aquele que fica com o ganho real daquilo que é produzido, hoje temos grandes redes de distribuição dos bens produzidos (negociantes) e também um mercado gerenciador (bolsas de valores) das empresas responsáveis pela produção dos meios de sobrevivência e boa vivência do homem/mulher modernos. O que exigiria uma atualização das análises trabalhistas feitas por Karl Marx nos século XIX. 

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