Filosofia e Religião
Filosofia e Religião são áreas de
estudos desenvolvidas pelo homem/mulher com a finalidade de conhecer o mundo e
suas possibilidades de vivência (filosofia) e de transcender a mesma naquilo
que vai além do humano, sua busca por algo além do mundo e de si (teologia). A
Filosofia se distingue da Teologia, tanto quanto ao objeto, quanto ao método.
Mas é imprescindível estudar a relação dessas duas ciências visto que se pode
afirmar que o homo sapiens se
identifica muito como o homo religius.
Muitas teorias modernas e
contemporâneas compreendem que deus seja uma construção humana para obter
segurança e imortalidade. Contudo, a palavra deus não contém uma ideia rígida,
imutável e pobre. A história nos mostra que cada geração tem de criar a imagem
de Deus que funcione para ela, ou ainda, “se
a ideia de Deus não tivesse tal flexibilidade, não teria sobrevivido e se
tornado uma das grandes ideias humanas” (Karen Armstrong).
O fato é que a religião se separa em
“definitivo” (campos separados, mas relacionados) da filosofia, no renascimento
e subsequentemente no Iluminismo. E a partir de então podemos ver a distinção
do pensar entre elas, embora nunca tenha deixado de haver filósofos que tenham
sempre relacionados as duas após esse período.
Antes dessa separação a divindade é tema presente na mitologia, nos filósofos
pré socráticos, socráticos, pós-socráticos, em Sócrates/Platão, Aristóteles e
estoicos. Com o surgimento do cristianismo e sua subsequente oficialização como
religião do Império Romano (Imperador Constantino em 312 d.c.), a filosofia
passa a ser uma “serva” do propósito maior que é Deus e seu Reino. Até o
surgimento do renascimento, e mesmo após ele, o pensar filosófico estava
sujeito ou atrelado ao fazer teologia.
Se a filosofia nasce de atitude de
assombro do homem em relação às coisas do mundo, de um estado de encanto e
surpresa, que o leva a procurar explicações para elas. Ela esbara no
“sobrenatural”, que está além do visível, quando não do pensável, e aqui se
constitui a dimensão teológica da filosofia. Deus se apresenta como tema
filosófico desde os primórdios filosóficos, mas é nas religiões monoteístas
(judaísmo, cristianismo e Islamismo) que ele é personificado. Platão e
Aristóteles falam do divino como uma condição da alma ou organização cósmica.
Essa relação intrínseca entre essas duas formas de pensar e ver o mundo geraram
linhas de pensamento presente em nossas ideias cotidianas:
a)
A
relação de Deus como o mundo, Deus como causa do mundo.
b) A relação de Deus com a ordem moral,
Deus como o bem.
c)
A
relação de Deus consigo mesmo, Deus como sendo duplo, trino ou tudo.
d) A relação de Deus com os homens, os acessos
possíveis dos homens (religiões).
e)
A
relação de Deus com o tempo, Deus como o ponto de partida temporal (Big Bang).
O Cristianismo surge como uma
filosofia religiosa com bases na filosofia de Platão, já na Idade Média (V-XV),
com a redescoberta de escritos de Aristóteles é realizado uma nova leitura
cristã, por Tomás de Aquino, que realiza uma síntese do Cristianismo com a
visão aristotélica do mundo (Jesus como causa e ordenação do mundo), explicava
ele que: “toda a criação é boa, tudo o
que existe é bom, por participar do ser de Deus; o mal é a ausência de uma
perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem”. E em
nossos dias, ele (o cristianismo), se apresenta separado da filosofia (embora a
filosofia ainda dialogue com as religiões) ele não faz o mesmo, assim como as
outras religiões fundamentalistas (Judaísmo e Islamismo).
Outra área de relação entre filosofia
e religião é a temática presente entre ambas sobre Fé e Razão. No senso comum
pensa se que uma exclui a outra, contudo, não é bem assim. Embora a razão seja
antagônica a fé, a fé se alia a razão para reforçar e justificar sua própria
existência. Fé=> é uma convicção
acerca de algo ou de uma verdade que independe de prova empíricas. Já a Razão=> é a habilidade humana de
traduzir o mundo real pela observação, intuição e experimentação científica partindo de premissas lógicas
e coerentes. A separação ou exclusão entre ambas é difícil porque se vê
explicitamente que o homem é um ser que almeja pelo conhecimento e é um ser que almeja a eternidade. E aqui nessa perspectiva temos as perguntas sem respostas
definitivas desde os primórdios da filosofia, ou até mesmo antes dela, que são:
Quem é o homem? De onde vem e para onde
vai? Nestes termos, a fé e a razão devem, pois, ajudar o homem/mulher a
encontrar o sentido necessário para sua existência e alcançar a “verdade”.
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