Desigualdades
Sociais
A
sociologia existe para investigar, analisar e responder a temas referentes à
vivência do homem em sociedade. Focando sempre no porque as coisas são e estão
como estão. Para assim, compreender e explicar as vivências sociais e o porquê
das mesmas serem como são. Nossa proposta é pensar no porque a vivência social
de pessoas iguais é tão radicalmente afetada por desigualdades
Podemos
pensar a desigualdade social como sendo uma desigual distribuição de Poder
Econômico, Poder Social, Poder Cultural, Poder Político, Poder Étnico e
outros. O que é preciso enfatizar aqui é
que nunca houve na história humana sociedades igualitárias, onde todos eram
considerados de igual valor e tendo os mesmos direitos e condições
existenciais. No Brasil, por exemplo, temos desigualdades referentes a gênero,
raça, idade e a posse/bens.
“Num país um com 190 milhões de
habitantes, um terço da população dispõe de condições de vida e vida
comparáveis às de um país europeu. Outro terço, no entanto, se situa num nível
extremamente modesto, comparável aos mais pobres padrões afro-asiáticos. O
terço intermediário se aproxima mais do inferior que do superior”. Orson
Camargo.
Inúmeros
dados e estudos apontam que a desigualdade social e econômica cresce em todo o mundo.
Dados do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) revelam que
1% dos mais ricos detêm 40% dos bens globais. Um relatório da ONG Oxfam
demonstra também que as 85 pessoas mais ricas do mundo possuem uma renda
equivalente as 3,5 bilhões de pessoas mais pobres.
Se
refletirmos sobre o tema a partir de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), veremos
que para ele a desigualdade é um fenômeno que tende a sempre se intensificar no
contexto social. As famílias mais pobres possuem um menor acesso à instrução e
às informações necessárias para alavancar um desenvolvimento próprio, enquanto
os grupos mais ricos possuem um maior nível estrutural para investirem e
multiplicarem sua renda e os largos benefícios advindos dela. Para Rousseau, o
que causa a desigualdade é exatamente a divisão social do trabalho. com a
criação da propriedade e dos bens particulares e não distribuíveis. Muito
alinhado a essa ideia temos Karl Marx (1818-1883). Ele enxergava a sociedade a
partir da luta de classes e via a desigualdade manifestada a partir dos
desequilíbrios entre a burguesia e os trabalhadores, a primeira era a detentora
dos meios de produção, controlando e retendo a maior parte dos lucros sobre os
bens produzidos. Essa lógica, perpetuada pela mais-valia, concentrava a renda (burgueses)
e marginalizava os cidadãos (proletários), além de criar um exército de
desempregados, que forçava uma concorrência entre os próprios trabalhadores,
privando-os de sua emancipação.
O
que temos então é que a desigualdade social é historicamente construída. Agora
é preciso pensar que o conceito de igualdade entre os homens é correlato ao
surgimento do cristianismo e que no século XVIII as teorias igualitárias e
humanista (Revolução Francesa) são também decorrências. Com o processo
Iluminismo/Revolução Industrial/Capitalismo/Globalização se estabeleceu uma
sociedade de competição (competência), que significa sociedade de vencedores e
perdedores.
Nessa
sociedade capitalista temos o surgimento do pobre e do excluído, em outras
sociedades isso não era problema, não havia esses modelos de
classificação/categorização. O olhar era outro, eram sociedades sólidas e
definidas. Agora, fundada essa sociedade capitalista e competitiva, sociedade
dos competentes em oposição aos incompetentes, a pobreza na mesma tem origem histórica e tendências estruturais. A pobreza é entendida como o
despossuimento do mínimo necessário para o bem viver e isso gera em
contrapartida ou em consequência a exclusão que é estar sem acesso a uma
adequada preparação para competir.
Assim,
temos que refletir sobre as desigualdades sociais (na sociedade) e ao mesmo
tempo compreender as origens histórico-sociais da mesma, e juntamente a isso
nos possibilitar uma análise social da nossa condição na mesma, e talvez
refletir como mudar ou melhorar a vivência nela, que significa a superação da
pobreza pela inclusão dos excluídos da mesma.
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