segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Os Meios de Comunicação de Massa e a Indústria Cultural

Os Meios de Comunicação de Massa e a Indústria Cultural

Os meios e formas de comunicação atingiram em nossos tempos o seu auge, e certamente atingirá picos impensáveis no futuro próximo. Nunca nos comunicamos tanto e de tantas maneiras, pode se falar que diminuímos a comunicação pessoal (física/presencial) com amigos e família, mas com a tecnologia ampliamos essa comunicação a condições, possibilidades e frequência nunca antes vista. Nestes termos temos que pensar a comunicação na sociedade tecnológica onde a comunicação pessoal fica subordinada ideologicamente a comunicação de massa.
A comunicação autêntica é aquela em que o emissor e o receptor das mensagens se encontram numa estrutura simétrica e de paridade, condição para que a comunicação seja mútua, permitindo ouvir o outro e ser ouvido. E, isso não acontece nos meios de comunicação de massa, pois estão estruturados de forma unilateral, num único sentido. Os meios de comunicação como a TV, jornal, rádio e internet tem um papel fundamental na formação das sociedades modernas como veículos de comunicação, divulgação e formação de hábitos de consumo, indução de comportamentos e divulgação de ideias e ideologias licitas e ilícitas.
A fronteira entre comunicação e comunicação de massa está em que na primeira há dialogo e na segunda há somente indução ideológica. Os filósofos da Escola de Frankfurt foram os primeiros que detectaram a dissolução das fronteiras entre informação, consumo, entretenimento, políticas e ideologias.
A Escola de Frankfurt é uma escola de teoria social interdisciplinar neomarxista que consistia em um grupo de intelectuais, que na primeira metade do século passado produziu um pensamento conhecido como Teoria Crítica. Dentre eles temos Theodor Adorno, Max Horkheimer, Herbert Marcuse e Walter Benjamim. Com a II Guerra Mundial, eles saíram de Frankfurt, na Alemanha, para se refugiar nos Estados Unidos.
Indústria Cultural, conceito elaborado pela Escola de Frankfurt, é semelhante a um sistema político e econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura – filmes, livros, música popular, programas de TV, tendência alimentar, etc. A ideia central é que os meios de comunicação de massa, como TV, radio, jornais e portais da internet, são propriedades de algumas pessoas/empresas, que possuem interesse em obter lucros e manter o sistema econômico vigente, o que possibilita manter o lucro, criando a necessidade e produzindo o bem necessário para satisfazer a mesma. Nesse esquema as pessoas entram num processo de alienação, tendo outros como formadores do próprio pensar e querer, produzindo em si a própria cultura, como reflexo de uma indústria lucrativa.
A Industria Cultural[1] torna-se mecanismo de dominação política, Adorno e Horckeimer apontavam os meios de comunicação de massa (comunicação unilateral) como uma perversão dos ideais iluministas do século XVIII (para o Iluminismo, o  progresso da razão e da tecnologia iria libertar o homem das crenças mitológicas e supersticiosas). Mas, segundo esses autores, os meios de comunicação e a Industria cultural nas mãos de um poder econômico e político seriam empregados para impedir que as pessoas tomassem consciência de suas condições de alienação. Um trabalhador que em seu horário de lazer poderia (deveria) ler bons livros, ir ao teatro, concertos musicais (e usar o tempo por quem trabalham), tornando-se uma pessoa mais culta, questionadora e engajada politicamente. Ao contrário disso, chega em casa e senta-se à frente da TV para esquecer seus problemas, absorvendo mais dos mesmos valores que predominam em seu meio social. É desta forma que a indústria cultural, ao invés de cidadãos conscientes, propicia apenas consumidores passivos.
Na era do domínio tecnológico, falamos ainda de uma indústria cultural, e também de um “totalitarismo eletrônico”, no qual diversão e “assuntos importantes” são mixados num só produto. Numa era em que os aparatos tecnológicos fazem parte da rotina diária/social/cultural e se tornam uma necessidade primordial das pessoas, principalmente dos mais jovens, em sua existência/convivência. O que denota um claro processo de alienação, condicionamento de si há uma estrutura social de produção de divertimento e de condicionamentos de participação da mesma, uma vez mais, sem opção, sem escolha, sem liberdade. Claro que sempre há exceções.             





[1] Indústria Cultural é a exploração, com fins comerciais e econômicos, de bens considerados culturais.

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