Os
Meios de Comunicação de Massa e a Indústria Cultural
Os meios e formas de
comunicação atingiram em nossos tempos o seu auge, e certamente atingirá picos
impensáveis no futuro próximo. Nunca nos comunicamos tanto e de tantas
maneiras, pode se falar que diminuímos a comunicação pessoal
(física/presencial) com amigos e família, mas com a tecnologia ampliamos essa
comunicação a condições, possibilidades e frequência nunca antes vista. Nestes
termos temos que pensar a comunicação na sociedade tecnológica onde a
comunicação pessoal fica subordinada ideologicamente a comunicação de massa.
A comunicação autêntica é
aquela em que o emissor e o receptor das mensagens se encontram numa estrutura
simétrica e de paridade, condição para que a comunicação seja mútua, permitindo
ouvir o outro e ser ouvido. E, isso não acontece nos meios de comunicação de massa, pois estão
estruturados de forma unilateral, num único sentido. Os meios de comunicação
como a TV, jornal, rádio e internet tem um papel fundamental na formação das
sociedades modernas como veículos de comunicação, divulgação e formação de
hábitos de consumo, indução de comportamentos e divulgação de ideias e
ideologias licitas e ilícitas.
A fronteira entre comunicação e
comunicação de massa está em que na primeira há dialogo e na segunda há somente
indução ideológica. Os filósofos da Escola de Frankfurt foram os primeiros que
detectaram a dissolução das fronteiras entre informação, consumo,
entretenimento, políticas e ideologias.
A Escola de Frankfurt é uma escola de teoria social interdisciplinar neomarxista que consistia em um
grupo de intelectuais, que na primeira metade do século passado produziu um
pensamento conhecido como Teoria Crítica. Dentre eles temos Theodor Adorno, Max
Horkheimer, Herbert Marcuse e Walter Benjamim. Com a II Guerra Mundial, eles
saíram de Frankfurt, na Alemanha, para se refugiar nos Estados Unidos.
Indústria
Cultural, conceito elaborado pela Escola de Frankfurt, é semelhante a um
sistema político e econômico que tem por finalidade produzir bens de cultura –
filmes, livros, música popular, programas de TV, tendência alimentar, etc. A
ideia central é que os meios de comunicação de massa, como TV, radio, jornais e
portais da internet, são propriedades de algumas pessoas/empresas, que possuem
interesse em obter lucros e manter o sistema econômico vigente, o que
possibilita manter o lucro, criando a necessidade e produzindo o bem necessário
para satisfazer a mesma. Nesse esquema as pessoas entram num processo de
alienação, tendo outros como formadores do próprio pensar e querer, produzindo
em si a própria cultura, como reflexo de uma indústria lucrativa.
A Industria Cultural[1]
torna-se mecanismo de dominação política, Adorno e Horckeimer apontavam os
meios de comunicação de massa (comunicação unilateral) como uma perversão dos
ideais iluministas do século XVIII (para o Iluminismo, o progresso da razão e da tecnologia iria
libertar o homem das crenças mitológicas e supersticiosas). Mas, segundo esses
autores, os meios de comunicação e a Industria cultural nas mãos de um poder
econômico e político seriam empregados para impedir que as pessoas tomassem
consciência de suas condições de alienação. Um trabalhador que em seu horário
de lazer poderia (deveria) ler bons livros, ir ao teatro, concertos musicais (e
usar o tempo por quem trabalham), tornando-se uma pessoa mais culta,
questionadora e engajada politicamente. Ao contrário disso, chega em casa e
senta-se à frente da TV para esquecer seus problemas, absorvendo mais dos
mesmos valores que predominam em seu meio social. É desta forma que a indústria
cultural, ao invés de cidadãos conscientes, propicia apenas consumidores
passivos.
Na era do
domínio tecnológico, falamos ainda de uma indústria cultural, e também de um “totalitarismo eletrônico”, no
qual diversão e “assuntos importantes” são mixados num só produto. Numa era em
que os aparatos tecnológicos fazem parte da rotina diária/social/cultural e se
tornam uma necessidade primordial das pessoas, principalmente dos mais jovens,
em sua existência/convivência. O que denota um claro processo de alienação,
condicionamento de si há uma estrutura social de produção de divertimento e de
condicionamentos de participação da mesma, uma vez mais, sem opção, sem
escolha, sem liberdade. Claro que sempre há exceções.
[1]
Indústria Cultural é a exploração, com fins comerciais e econômicos, de bens
considerados culturais.
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