sábado, 29 de outubro de 2016

Filosofia, Estética e Arte


Filosofia, Estética e Arte

Já frisamos que a filosofia (amor ao saber) tem por proposta, como construção humana, conhecer, entender e explicar o homem, o mundo e as realidades que se lhe apresentam enquanto condicionado e determinante do mesmo mundo e realidades. A Arte (para os gregos techné) é outra dimensão desta condição filosofante do humano no decorrer da história, e seu grande propósito seria o de definir o que é o Belo. O Belo é o belo em si ou a percepção que se tem do que se diz que ser belo?
Aisthésis (percepção) conhecido como estética, é a área da filosofia que estuda o sentido, a busca e a reprodução do belo na arte, pois este fenômeno estético envolve a percepção, a interpretação, o julgamento e a emoção relacionados ao que consideramos belo. A Arte, que era vista como uma cópia da realidade se apresenta como produção de um sujeito que interpreta o mundo ao seu redor.
Para os gregos – Plotino, Platão e Aristóteles – a arte e estética estavam diretamente ligadas à ética e à lógica. Para Plotino o belo é o ajustamento ao que é ético, justo e bom no próprio ser (natureza do bem). Para Platão o belo é a verdade e, portanto é bom, como ele deriva da alma, o belo é bom porque é a manifestação da alma (divina). Para Aristóteles o belo está, como tudo, relacionado ao Cosmos (ordem e finalidade) e é assim a representação perfeita desse cosmos (a arte é cosmética), e sendo o cosmos universal, o que era belo deveria ser belo para todos.
Na Modernidade (razão) o belo é uma expressão da harmonia criadora, o talento mais a inspiração. A arte é um derivativo da subjetividade humana em objetividade realizadora no mundo. Nestes termos, temos a Teoria do Belo como representação inteligível do subjetivo, que depois se transformou em Teoria do Gosto que é exatamente essa dimensão subjetiva da arte e do belo (David Hume e Emmanuel Kant), e que em seguida ficou conhecida/intitulada de Filosofia da Arte. Nesta, a Arte (belo na subjetividade humana), levará em conta uma outra dimensão fundamental para a formação subjetiva do belo no individuo, a saber, a questão social e cultural do individuo para  a formação subjetiva em si da arte. “Se o artista é tomado por um desejo de realização do Belo de acordo com sua interioridade, na qual um objeto se eleva ao paradigma de Beleza, é está beleza condicionada a este artista e ao seu contexto de produção”. E para apreender e entender essa criação é preciso participar ou conhecer os signos/símbolos/valores que a criação expressa, e nestes termos, o Belo criado (subjetividade do artista) precisa ser recriado ou ressignificado na subjetividade daquele que o contempla, tornando se bela em si ou para si (Hume, Kant).
Temos assim, que a expressão artística é universal, imortal e eterna. Temos que a Arte é o extraordinário no ordinário. A Arte é o transcendente no imanente, a realização do eu que transcende o eu, dando a esse eu um significado que ele não teria sem a exteriorização de si no mundo e interiorização de si no outro.
Na contemporaneidade, temos que a Arte, ainda com os atributos da modernidade, não é tão somente uma expressão do artista. A Arte agora é vista como Obra de Arte, e junto com o conceito “Obra” está que a Arte agora é um produto que precisa ser aceito, pois agora ela tem valor (preço) para além do valor subjetivo presente no artista ou naquele que a contempla. A Arte pós-moderna foi também transformada pelas concepções filosóficas de Schopenhauer, Nietzsche, Freud (psicologia) e Escola Crítica (Frankfurt)[1], que em linhas gerais significa que o Belo é uma questão de foro íntimo, como na modernidade, mas que agora esse foro íntimo está condicionado (ideologizado) as condições de sua formação ou de sua participação social, ou em outros termos, a Arte e o Belo estão condicionados a Cultura de Massas e a Indústria Cultural. A pergunta que precisa ser feita na pós-modernidade é se a arte do artista é uma expressão subjetiva (talento, imaginação, inspiração) do artista ou se é o uso de um talento qualquer para expressar em forma de “Arte” aquilo que já se espera ver, pois o que se espera ver também se pode facilmente vender. Arte como produção/fabricação industrializada.



[1] Cito aqui os autores ou tendências que me vêm a mente no momento. Há, certamente, muitos outros que estão de fora desta construção do pensar pós-moderno. Falar isso é a manifestação da pós-modernidade em mim.

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