Filosofia,
Estética e Arte
Já frisamos que a filosofia
(amor ao saber) tem por proposta, como construção humana, conhecer, entender e
explicar o homem, o mundo e as realidades que se lhe apresentam enquanto
condicionado e determinante do mesmo mundo e realidades. A Arte (para os gregos
techné) é outra dimensão desta condição filosofante do humano no decorrer da
história, e seu grande propósito seria o de definir o que é o Belo. O Belo é o
belo em si ou a percepção que se tem do que se diz que ser belo?
Aisthésis (percepção) conhecido
como estética, é a área da filosofia que estuda o sentido, a busca e a reprodução
do belo na arte, pois este fenômeno estético envolve a percepção, a
interpretação, o julgamento e a emoção relacionados ao que consideramos belo. A
Arte, que era vista como uma cópia da realidade se apresenta como produção de
um sujeito que interpreta o mundo ao seu redor.
Para os gregos – Plotino, Platão
e Aristóteles – a arte e estética estavam diretamente ligadas à ética e à
lógica. Para Plotino o belo é o ajustamento ao que é ético, justo e bom no próprio
ser (natureza do bem). Para Platão o belo é a verdade e, portanto é bom, como
ele deriva da alma, o belo é bom porque é a manifestação da alma (divina). Para
Aristóteles o belo está, como tudo, relacionado ao Cosmos (ordem e finalidade)
e é assim a representação perfeita desse cosmos (a arte é cosmética), e sendo o
cosmos universal, o que era belo deveria ser belo para todos.
Na Modernidade (razão) o belo é
uma expressão da harmonia criadora, o talento mais a inspiração. A arte é um
derivativo da subjetividade humana em objetividade realizadora no mundo. Nestes
termos, temos a Teoria do Belo como representação inteligível do subjetivo, que
depois se transformou em Teoria do Gosto que é exatamente essa dimensão
subjetiva da arte e do belo (David Hume e Emmanuel Kant), e que em seguida
ficou conhecida/intitulada de Filosofia da Arte. Nesta, a Arte (belo na
subjetividade humana), levará em conta uma outra dimensão fundamental para a
formação subjetiva do belo no individuo, a saber, a questão social e cultural
do individuo para a formação subjetiva
em si da arte. “Se o artista é tomado por um desejo de realização do Belo de
acordo com sua interioridade, na qual um objeto se eleva ao paradigma de
Beleza, é está beleza condicionada a este artista e ao seu contexto de
produção”. E para apreender e entender essa criação é preciso participar ou
conhecer os signos/símbolos/valores que a criação expressa, e nestes termos, o
Belo criado (subjetividade do artista) precisa ser recriado ou ressignificado
na subjetividade daquele que o contempla, tornando se bela em si ou para si
(Hume, Kant).
Temos assim, que a expressão
artística é universal, imortal e eterna. Temos que a Arte é o extraordinário no
ordinário. A Arte é o transcendente no imanente, a realização do eu que
transcende o eu, dando a esse eu um significado que ele não teria sem a exteriorização
de si no mundo e interiorização de si no outro.
Na contemporaneidade, temos que
a Arte, ainda com os atributos da modernidade, não é tão somente uma expressão
do artista. A Arte agora é vista como Obra de Arte, e junto com o conceito
“Obra” está que a Arte agora é um produto que precisa ser aceito, pois agora
ela tem valor (preço) para além do valor subjetivo presente no artista ou
naquele que a contempla. A Arte pós-moderna foi também transformada pelas
concepções filosóficas de Schopenhauer, Nietzsche, Freud (psicologia) e Escola
Crítica (Frankfurt)[1],
que em linhas gerais significa que o Belo é uma questão de foro íntimo, como na
modernidade, mas que agora esse foro íntimo está condicionado (ideologizado) as
condições de sua formação ou de sua participação social, ou em outros termos, a
Arte e o Belo estão condicionados a Cultura de Massas e a Indústria Cultural. A
pergunta que precisa ser feita na pós-modernidade é se a arte do artista é uma
expressão subjetiva (talento, imaginação, inspiração) do artista ou se é o uso
de um talento qualquer para expressar em forma de “Arte” aquilo que já se
espera ver, pois o que se espera ver também se pode facilmente vender. Arte
como produção/fabricação industrializada.
[1]
Cito aqui os autores ou tendências que me vêm a mente no momento. Há,
certamente, muitos outros que estão de fora desta construção do pensar
pós-moderno. Falar isso é a manifestação da pós-modernidade em mim.
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